quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Mulher-Goiabada...


Comecei a escrever alguns textos no Word para, posteriormente, postá-los aqui... É que de vez em quando gosto de colocar textos meus, além dos textos de outros autores que considero interessantes... É bom ler coisas mais pessoais dos amigos, ne... Ver o que eles pensam nos faz conhecê-los um pouquinho melhor. Sou, naturalmente, bem atenciosa... então conhecer melhor uma pessoa, não só superficialmente, é muito importante para mim.

Enquanto escrevia meus textos e decidia qual publicaria aqui, fiquei pensando em como é bom poder se expressar! Às vezes (ou quase sempre...) no dia-a-dia não temos muitas oportunidades de falar o que queremos, expressar nossas idéias e pensamentos... Mas eis que o blog se tornou algo tão acessível e aqui a gente pode escrever poesias, falar de nossos sentimentos, contar nossos desejos mais íntimos, fazer denúncias, criticar, questionar, elogiar...

Isso me lembrou a “mulher-goiabada”... Foi como a escritora Lygia Fagundes Telles se referiu às mulheres de tempos passados (e nem tão distantes assim!!), que não tinham onde nem como escrever seus sentimentos e emoções... e então faziam isso em meio às páginas de seus cadernos de receitas!! Afinal, caderno de receita uma dona de casa sempre podia ter!

Leia o texto e imagine só...


“Lygia Fagundes Telles fala da mistura da cozinha com a criação literária através do que chama de os cadernos da mulher-goiabada e que se constituiriam como mapas de ensinamentos e aprendizados sobre a vida das mulheres e suas experiências:
(...) Quando mocinhas, elas podiam escrever seus pensamentos e estados d'alma (em prosa e em verso) nos diários de capa acetinada com vagas pinturas representando flores ou pombinhos brancos levando um coração no bico. Nos diários mais simples, cromos coloridos de cestinhos floridos ou crianças abraçadas a um cachorro.

Depois de casadas, não tinha mais sentido pensar sequer em guardar segredos, que segredo de mulher casada só podia ser bandalheira.

Restava o recurso do caderno do dia-a-dia, onde, de mistura com os gastos da casa cuidadosamente anotados e somados no fim do mês, elas ousam escrever alguma lembrança ou confissão que se juntava na linha adiante com o preço do pó de café e da cebola. Os cadernos caseiros da mulher-goiabada.

Minha mãe guardava um desses cadernos que pertencera à minha avó Belmira. Me lembro da capa dura, recoberta com um tecido de algodão preto. A letrinha vacilante, bem desenhada. Era menina quando via minha mãe recorrer a esse caderno para conferir uma receita de um gargarejo. ‘Como mamãe escrevia bem!- observou mais de uma vez. Que pensamentos e que poesias, como era inspirada!’

Vejo nas tímidas inspirações desse cadernão (que se perdeu num incêndio) um marco das primeiras arremetidas da mulher brasileira na chamada carreira de letras - um ofício de homens.”

Não é lindo? Eu acho!

Em tempos de "mulher-fruta", pra todos os gostos (ou desgostos...), vejo a mulher-goiabada como uma suave tentativa de um vôo libertário...

Você pode até aprisionar o corpo de alguém... Mas o pensamento – graças a Deus!! – ainda poderá voar livre, mesmo por onde os olhos não possam alcançar!!

^^

Hélia

21 comentários:

Anônimo disse...

Oi Queridaaaaaaaa!!

Ah voce escreveu um texto muito lindo hoje viu adorei saber sobre a mulher goiabada.
Sabe linda seu blog é sempre tão terno , adoro vir aqui lero que posta e sobre as coisas que pensa.
E Graças a Deus mesmo linda a gente tem os pensamentos livres , se nao não haveria sentido se viver.

Beijos minha linda

Flor disse...

Querida, gostei de ler, sabe que a maior parte dos blogues só publicam poemas e a maior parte das vezes nem são deles próprios. Eu gosto muito de ler prosa.
Obrigada Helinha.

Beijinhos
Flor

Anônimo disse...

muito bom o post mesmo meu abjo lindo ai fuça meu twitter lá


http://twitter.com/max_psycho

Janeth disse...

Lindo escrito Helinha escribes muy bonito y esas palabras en homenaje a la mujer son verdaderas y hermosas, aqui te dejo algo que escribi hace tiempo para mi blog, que viene al caso:

La Mujer es el pensamiento más bello del creador, hecho carne, sangre y vida

Cleo disse...

Lindo Helinha. e elas deixam para nós o sentimento de que de alguma maneira elas souberam guardar a poesia dentro delas mesmas. não foi em vão.
Beijos menina e uma sexta-feira radiante prá você.
Obrigada pelo selo, maravilhoso.
Cleo

Letícia Alves disse...

Não conhecia esse texto, mas concordo com você em todos os aspectos.
Ainda bem que temos pensamentos livres e que nossa escrita pode acompanhar.
Beijos Tempestuosos!

Dalinha Catunda disse...

Olá Helinha,
Gostei de sua abordagem.
É sempre gratificante passar por aqui.
Beijos,
Dalinha

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

Você sabe que logo que me casei e era tinha muito medo que lessem o que escrevia fazia exatamente isto:escrevia nas páginas do livro de receitas até descobrir que o pensamento é a maior força que possuímos porque só nossa!!

Belo post!!

Um beijo carinhoso!Sonia Regina.

Cadinho RoCo disse...

O lirismo de uma mulher sensível é capaz de embasbacar qualquer um.
Cadinho RoCo

Anônimo disse...

to te seguindo também no twitter meu anjo, bju grande

Aqui - Ali - Acolá disse...

Ao navegar na net descobri este cantinho lindo e, não poderia sair sem deixar aqui uma mensagem:

Lindo blog, um texto maravilha onde é expressado parte da vida de mulher goiabada.

Interessante aquilo que se desconhece e que acaba por ser bem lindo

Felicidades no novo dia

Anônimo disse...

Helinha, talvez eu seja suspeita para falar sobre isso, afinal meu blog está mais para um diário pessoal mas... Adoro ler e conhecer mais sobre os amigos blogueiros. Acho ótima sua idéia de colocar seus textos, seus pensamentos. Quando lemos um poema, de certa forma, vemos um pouco de quem é o poeta ou poetisa, penso assim. Mas se não somos poetas podemos contar sobre nós quando comentamos um poema ou uma notícia ou falamos de nós claramente.

Adorei o texto de Lygia Fagundes Telles.

Bjaummmmmmmmmmmmmm
Adriana

Sandra disse...

Mulher goiabada. Mas uma. O importante que somos mulheres de grandes fibras e somos felizes.

Venha buscar seu selo no endereço abaixo. Mas não se esqueça de passar pelo o Curiosa. Tem um tema bem legal.
Um grande beijo.
http://sandrarandrade7.blogspot.com/
Sandra

Vilma disse...

Você pode até aprisionar o corpo de alguém... Mas o pensamento – graças a Deus!! – ainda poderá voar livre, mesmo por onde os olhos não possam alcançar!!


Curtiiiiiiiiiiiiiiiii sinto isso tbm... e olha mulheres escrevem bem mais que os homens

Luiz Caio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luiz Caio disse...

Oi Helinha! Boa tarde!

Você, como sempre, muito conciênte de tudo minha amiga! O texo ficou lindo!

VOLTAREI SIM, SE DEUS QUIZER, COM TODA A INSPIRAÇÃO QUE CAIBA EM MIM!
E AQUI, NESTE SEU BELÍSSIMO ESPAÇO, VOLTAREI ASSIM QUE POSSÍVEL, PARA MATAR A SAUDADE E MANTER ACESA A CHAMA DA NOSSA AMIZADE!

TENHA UM LINDO FINAL DE SEMANA!

BEIJOS, E ATÉ BREVE!

IsaBella disse...

Oiii!
=)
Essa mulhr goiabada é bem diferente das MLHERES FRUTAS de hj em dia né?
hahahahahhahahhahahaha...
ai ai...
=x
Um beijão, querida!!!!!
ps.:postei um comentário no post anterior!
bjos

neide disse...

Helinha minha querida, vim ontem agradecer e pegar o selinho mas não consegui enviar comentário. Espero que agora consiga.

Estou levando o selinho e vou responder, viu?

Obrigada linda, tenha um ótimo final de semana.

Bjss

Barbara disse...

Hélia, a mãe da Hélia minha mãe tinha vários destes cadernos, com receitas de culinária, remédios caseiros, tudo e mais alguma coisa.
Minha tia os guardou - até que mudou-se para uma casa onde não havia sótão e sem perguntar a nenhuma de nós, netas da mãe de Hélia, se queríamos os cadernos, simplesmente os queimou a todos.
Imagina que profanação da memória familiar, da memória de tudo...

Ana Maria disse...

Um texto maravilhoso.
Existem mulheres para todas as frutas.
Tenha um sábado excelente!
1000beijinhos!

Celsocandidos disse...

O simples para ti, pode ser o fantástico pra nos.
Parabéns querida!
Tens aqui um fiel leitor...
Amante da interatividade.