domingo, 24 de janeiro de 2010

Motivo do meu sorriso...


E era quando tudo parecia ficar escuro e difícil demais... E o peso do mundo pairava sobre os meus ombros... Uma tristeza imensa se instalava, preenchia os espaços.

Era assim, estava assim.

Coloquei nele meus olhos opacos: o brilho deles havia se apagado.

Tinha a voz rouca e cansada de tantos dizeres, quando pedi:

- Diz uma coisa bonita, bem bonita pra mim...

- Hélia. - ele disse.

(É ele quem desenha o sorriso no meu rosto!!!)


^^


Hélia



"E aí você surgiu na minha frente... e eu vi o espaço e o tempo em suspensão! Senti no ar a força diferente, de um momento eterno, desde então... E aqui, dentro de mim você demora... Já tornou-se parte mesmo do meu ser... E agora, em qualquer parte, a qualquer hora, quando fecho os olhos vejo só você!" (Chico César)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

"Saber amar... saber deixar alguém te amar..."


Apertou os olhos e viu, finalmente, o nome dele, a lhe chamar insistentemente...

Fernando...

No modo silencioso, o celular não vibrava e não emitia som algum. Mas aquela luz, piscando, e mostrando aquele nome, antes tão querido, deixou-a hipnotizada por alguns momentos.

Em segundos que lhe pareceram eternos, lembrou-se do momento mágico em que o conheceu...

Lembrou-se de quanto tempo levou para que ele a conquistasse.

Da aflição por não amá-lo ainda tanto quanto ele dizia amá-la...

Lembrou-se de como as coisas foram acontecendo, até que ele se fez tão importante em sua vida e de quanto o quis e de quanto o amou... infinitamente!

Da alegria indescritível de dividir sonhos, planos, projetos, confidências, um amor incomensurável e toda uma vida com alguém tão especial!

Lembrou-se das atitudes dele, incoerentes com suas palavras e juras de amor eterno...

Da angústia pelos momentos de dúvidas e pela insegurança que os atos dele lhe proporcionaram.

Lembrou-se da tristeza que enchia seu coração quando procurava se afastar dele, temendo um sofrimento maior...

Do quanto sentia falta de, ao menos, ouvir sua voz!

Lembrou-se de como seu coração se aquecia quando ele a procurava e lhe dava explicações convincentes, jurando novamente, e novamente, e novamente que ela era o verdadeiro, único e grande amor de sua vida!

Da alegria de ser tão amada e da certeza de que só com ele poderia existir felicidade!

Lembrou-se de como se sentiu injusta por não ter confiado nele...

Do peso na consciência. E da sensação boa de se acreditar cegamente em alguém!

Lembrou-se...

Da decepção arrasadora quando descobriu, enfim, que não era nem nunca fora única (e nisso, o que doía mais não era a falta de exclusividade, claro, mas a mentira!)... quando descobriu seus outros amores (tantos!)... que ela era só mais uma... que era alguém que não tinha, na verdade, nenhuma importância na vida dele...

Da dor de um sonho desfeito...

Lembrou-se...

Que ainda tentou manter-se próxima, no fundo procurando um motivo... esperando que, apesar da incontestável realidade dos fatos, ele tivesse alguma explicação lógica que a convencesse e que mostrasse o quanto fora injusta com ele...

Da esperança de viver aquele grande amor intensamente...

Mas ele não tinha mais desculpas dessa vez. Tudo já havia sido dito, e havia fatos... e fotos! E então, a cada questionamento dela, tudo o que ele podia oferecer eram silêncios... E os contatos foram se tornando cada vez mais escassos... os silêncios cada vez mais prolongados... e os períodos de afastamento, cada vez maiores.

Ainda havia noites em que ela sonhava com ele. E ligava pra ele, às seis da manhã, à meia-noite, às três horas da madrugada... no início conversavam, depois ela apenas ligava para ouvir sua voz distante dizendo “boa noite” e desligava rapidamente... até que não ligou mais, quando viu que nada mudava e que para ele estava cômoda aquela situação de tê-la sempre a disposição, e mais quantas mulheres o quisessem. Não mandou mais mensagens para ele nem respondeu as dele. Ele não reclamou. Apenas silenciou também. E ela foi se acostumando com aquele vazio doloroso que lhe comprimia o peito. Acostumando-se com a ausência dele...

Apertou os olhos novamente e olhou para o homem deitado ao seu lado na cama. Arthur. A respiração dele era pesada. Passou a mão pelos cabelos dele, acariciando-os. Ele sorriu, sem abrir os olhos, pegou a mão dela e beijou. Voltou a ficar com a respiração pesada, mas não largou sua mão.

Ela lembrou-se, então, da importância do amor de Arthur em sua vida. Sua presença, seu carinho, seu companheirismo. De como ele chegou quando ela mais precisava. Arthur não lhe fizera muitas perguntas. Não queria saber quem era o homem que tanto a fizera sofrer. Só queria estar ao seu lado. Enxugar suas lágrimas. Confortá-la. Amá-la. De verdade. E amar somente ela - pelo menos enquanto estivessem juntos. Essa era a diferença! Ele não prometia amá-la para sempre, nem fidelidade cega... mas ela sabia que, enquanto estivessem juntos, ele realmente lhe dedicaria um amor infinito! E depois de muito relutar – o eterno medo do sofrimento! – ela finalmente deixou-se amar por ele...

A respiração de Arthur tornou-se mais profunda e ela imaginou o quanto ele deveria estar cansado!

Ele chegava todos os dias às 20 horas. Hoje, no entanto, às 20:15h ainda não havia chegado. Foi quando seu celular tocou. Era Arthur, dizendo que iria se atrasar. Ela imaginou que era culpa do trânsito da sexta-feira, sempre mais intenso. No entanto, quando Arthur chegou, às 21:30h, trazia uma sacola nas mãos.

– Para você. – ele disse – Por isso demorei. Não é época, então foi difícil encontrar. Demorei para escolher também, porque não estavam muito bonitas.

A sacola estava cheia de jabuticabas. Não estavam muito bonitas mesmo, mas para ela eram perfeitas!

Balançou a cabeça pensando no que havia acontecido: na hora do almoço, como sempre, ele havia ligado para ela, para saber se estava tudo bem. E ela havia dito que estava com uma vontade imensa de comer jabuticabas. Sabia que não era época, não imaginou que ele procuraria e compraria. Mas ele fez. Porque, ele diria mais tarde, nada o fazia mais feliz que ver o sorriso dela. Porque – também palavras dele – o sorriso dela iluminava o mundo dele...

Por isso a respiração dele estava tão pesada. Havia sido um dia muito cansativo no trabalho, e ele ainda se preocupava em agradá-la.

O celular continuava piscando, ela fechou os olhos e adormeceu rapidamente. Sonhou que nadava em uma piscina de jabuticabas. As frutas eram limpas e macias. O cheiro delicioso e o toque macio das jabuticabas em sua pele faziam bem, e ela ria muito enquanto nadava. Deixou-se ficar ali, sorrindo, deitada de costas, balançando suavemente os braços...

Despertou novamente, porque a luz do celular batia diretamente em seus olhos. Ele ainda chamava, e o nome de Fernando insistia em aparecer na tela.

Pensou no que ele poderia querer lhe dizer. Pensou que, talvez, ele quisesse tê-la de volta. Talvez quisesse, finalmente, viver aquele grande amor, que ambos sonharam. Pedir a ela mais uma chance para, finalmente, fazê-la feliz. Ou para se fazerem felizes.

Ela olhou para Arthur. Pegou o celular. A chamada havia se encerrado e apareceu na tela do celular: 37 chamadas não atendidas. Ela estava pensando em como alguém poderia fazer 37 chamadas, a não ser que fosse para uma pessoa com quem realmente se importasse, quando o celular voltou a piscar, com uma nova chamada dele.

Ela sorriu. Desligou o celular. E pensou que amanhã, logo cedo, iria se desfazer do chip de seu celular e comprar outro... queria ter outro número. Pensando bem, talvez se desfizesse até do celular, que já estava bem velhinho. Isso, claro, depois de acordar Arthur com um café da manhã delicioso e muitos beijinhos e carinhos (y otras cositas más!!)... e depois de comer mais um pouco daquelas jabuticabas, as mais deliciosas que já havia provado em toda a vida!!

^^

Hélia

sábado, 16 de janeiro de 2010

Tantas coisas...


Escuta... eu quero te dizer uma coisa...

Não... quero te dizer tantas coisas!!

Quero que você saiba que sua presença ilumina a minha vida... e me deixa mais feliz!

Que quando nos falamos e, por vezes fico calada – e você reclama, brincando, da minha mudez – não é por falta de assunto... é só porque eu adoro ouvir sua voz...

Que às vezes eu fecho os olhos e deixo que sua voz entre na minha mente, e nesse momento eu viajo... fico leve... sou borboleta feliz, de asas coloridas...

Que é tão gostoso poder partilhar tanta coisa com você! Saber que você confia em mim, que gosta de dividir comigo suas alegrias e tristezas, as vitórias e derrotas... e que quer sempre saber de mim também!

Que depois que já passamos por tanta coisa eu, a cada dia, só consigo desejar mais e mais o seu bem! Ver você feliz me enche de felicidade também!

Que ficar longe de você me dói de uma forma que machuca o corpo, a mente, a alma...

Que quando você diz: “Nossa... saudade danada de você!”, é a coisa mais bonitinha desse mundo!

Que essa certeza (minha e sua!!) de que ainda vamos viver tantas outras coisas juntos – muito maiores, melhores e mais intensas – colore meus dias e minhas noites e me deixa cheia de desejos...

Que, por não ter palavras para expressar o quanto você é especial pra mim, eu canto pra você... Então, sinta minha voz, cantando bem baixinho em seu ouvido:

“Te adoro em tudo, tudo, tudo...
Quero mais que tudo, tudo, tudo...
Te amar sem limites,
Viver uma grande história...”

Beijos, com todo o meu carinho!

^^

Hélia

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Impressões...


“Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem...

E também pra me perpetuar
Em tua escrava!
Que você pega, esfrega
Nega... mas não lava...”
(Tatuagem – Chico Buarque
)



É sempre a primeira impressão a que fica?

Nem sempre, posso garantir por experiência própria...

Conheci pessoas que me encantaram logo ao primeiro contato!

E tive aquela certeza – aquela que você sente bem lá dentro, e que parece que nada conseguirá mudar – com cada uma delas, de que aquela era A PESSOA... Alguém especial, que marcaria para sempre seu lugar no meu coração! Feito uma tatuagem, não só de pele... mas de alma!

Mas é que eu havia me esquecido que as pessoas, por mais transparentes que pareçam, nunca se mostram como realmente são, logo assim, de cara! E nem é possível... afinal, somos seres tão complexos!

E assim, aos poucos, essas pessoas que me pareciam tão especiais, foram se mostrando um tanto quanto... comuns! Simples contatos do meu dia-a-dia... Importantes, por serem seres humanos... mas não mais que isso... Percebi que essas pessoas simplesmente sabiam como se aproximar de mim... De algum modo, sabiam como me cativar... Mas não sabiam como me manter! Sabiam como me tocar... mas o toque acabava por ser tão superficial que não deixava, depois de algum tempo, nenhuma marca em mim!

Ao mesmo tempo, algumas pessoas que a primeira vista não se mostraram tão importantes para mim assim, começaram também a se revelar... exatamente do modo contrário!

Talvez por um pouco de falta de tato, talvez por excesso de vontade, talvez por me encontrarem em um mau dia, talvez porque eu tenha me colocado na defensiva, talvez porque não era a hora... talvez, talvez... por algum motivo indefinido, essas pessoas me assustaram à primeira vista... E, em vez de me aproximar, eu me afastei... e a cada passo delas em minha direção, eu recuava dois...

Acontece que eu ainda não havia me dado conta de que não é preciso ser "pra sempre" pra ser eterno (não depende da duração, mas da intensidade!)... que não é preciso haver promessas pra ser importante (aliás, é muito melhor que elas não existam, as promessas!)... que não é preciso haver “termos de compromisso”, mas apenas o “compromisso de nos termos” (como bem disse o poeta!)...

Acontece que eu havia me esquecido que as pessoas se mostram nos pequenos gestos, nos pequenos detalhes... E que é de detalhe em detalhe que elas vão nos conquistando... e que vão se fazendo especiais para nós! Porque é isso! A gente não é ou deixa de ser especial... A GENTE SE FAZ ESPECIAL para alguém!

Acontece que uma pessoa não desistiu de mim...

E, num momento em que me encontrei desprevenida, supostamente protegida sob a certeza de que nunca seria conquistada, ele me jogou um laço invisível. E, com esse laço, envolveu-me a cintura como num abraço de calor, ternura e sedução...

Depois, atou a si mesmo na outra ponta do laço, de tal forma que éramos, ambos, dominadores e dominados, sedutores e seduzidos, senhor e senhora dos nossos destinos... Tínhamos, os dois, o controle da situação... e estávamos, ao mesmo tempo, tão (deliciosamente!) descontrolados...

E entre nós eram tantos nós, que se transformavam em laços, fáceis de se soltar – mas quem é que queria sair?? Embora ainda acontecessem, por hábito, tímidas tentativas de resistência, o que predominava – e dominava! – mesmo era a sede do abraço... a fome dos beijos, a ânsia pelo toque...

E quando o toque se deu, quando todo o desejo contido se libertou, nada mais importava... pois quem agora se conhecia e se reconhecia, quem se perdia e se buscava, não era mais cada um de nós dois! Eram mãos que se tocavam, pernas que se enroscavam, braços que se apertavam, bocas que se uniam, línguas que se devoravam... E eram carinhos trocados, trilhando caminhos fascinantes, banhados de suor, emoldurados por sorrisos... onde gemidos se soltavam, transformando-se em gritos... de prazer e felicidade!

Não fazia mais sentido qualquer impressão – alguém se lembrava daquela primeira? – importava apenas as marcas que havíamos deixado um no outro: no corpo, na alma e no coração...

Mas se isso pode ser chamado de “impressão”... Posso dizer que essa impressão, sim, ficou! Intensa e eterna...

^^

Hélia