terça-feira, 28 de julho de 2009
A pipa e a flor
"Fiquei triste vendo aquela pipa enroscada no falho da árvore. Rasgada, ela girava que girava, ao vento, como se quisesse escapulir. Mas não adiantava. Você já viu aqueles bichinhos de asas, quando eles caem em teias de aranhas? Era daquele jeito... Tive dó. Pipa não foi feita para acabar assim. Pipa foi feita para voar. E é tão bom quando a gente as vê, lá no alto... Eu sempre tive vontade de ser uma pipa..." (Rubem Alves)
Um menino confeccionou uma pipa. Ele estava tão feliz, que desenhou nela um sorriso. Todos os dias, ele empinava a pipa alegremente. A pipa também se sentia feliz e, lá do alto, observava a paisagem e se divertia com as outras pipas que também voavam.
Um dia, durante o seu vôo, a pipa viu lá embaixo uma flor e ficou encantada, não com a beleza da flor, porque ela já havia visto outras mais belas, mas alguma coisa nos olhos da flor a havia enfeitiçado.
Resolveu, então, romper a linha que a prendia à mão do menino e dá-la para a flor segurar. Quanta felicidade ocorreu depois!
A flor segurava a linha, a pipa voava; na volta, contava para a flor tudo o que vira.
Acontece que a flor começou a ficar com inveja e ciúme da pipa.
Invejar é ficar infeliz com as coisas que os outros têm e nós não temos; ter ciúme é sofrer por perceber a felicidade do outro quando a gente não está perto.
A flor, por causa desses dois sentimentos, começou a pensar: se a pipa me amasse mesmo, não ficaria tão feliz longe de mim... Quando a pipa voltava de seu vôo, a flor não mais se mostrava feliz, estava sempre amargurada, querendo saber com quem a pipa estivera se divertindo. Ficava emburrada. Exigia explicações de tudo.
E a pipa começou a ter medo de ficar feliz, pois sabia que isto faria a flor sofrer.
A partir daí, a flor começou a encurtar a linha, não permitindo à pipa voar alto. Foi encurtando a linha, até que a pipa só podia mesmo sobrevoar a flor.
A pipa via, ali do baixinho de sobre o quintal as outras pipas lá em cima. E sua boca foi ficando triste. E percebeu que já não gostava mais tanto da flor como no início...
Esta história, segundo conta o autor, ainda não terminou e está acontecendo em algum lugar neste exato momento.
Há três finais possíveis para ela:
1 - A pipa percebeu que havia mais alegria na liberdade de antigamente que nos abraços da flor. Porque aqueles eram abraços que amarravam. E assim, num dia de grande ventania, e se valendo de uma distração da flor, arrebentou a linha, e foi em busca de uma outra mão que ficasse feliz vendo-a voar nas alturas...
2 - A pipa ficou tão triste que resolveu nunca mais voar...
- “Não vou te incomodar com os meus risos, Flor, mas também não vou te dar a alegria do meu sorriso”.
E assim ficou amarrada junto à flor, mas mais longe dela do que nunca, porque o seu coração estava em sonhos de vôos e nos risos de outros tempos.
A pipa nunca mais sorriu.
3 - A flor, na verdade, era uma borboleta, que uma bruxa má enfeitiçou e condenou a viver fincada no chão! O feitiço se quebraria no dia em que ela fosse capaz de dizer não à sua inveja e ao seu ciúme, e se sentisse feliz com a felicidade dos outros. E aconteceu que um dia, por encanto, vendo a pipa voar, ela se esqueceu de si mesma por um instante e ficou feliz ao ver a felicidade da pipa. Esse encantamento aconteceu num belo dia de sol: a flor se transformou numa linda borboleta e as duas voaram juntas!
* Rubem Alves, “A pipa e a flor”, 2003, Editora Loyola *
As pipas foram feitas para voar... Mas há aí uma contradição: para voar, ela tem que estar presa! Sim... Para voar, a pipa tem que estar presa numa linha e a outra ponta da linha precisa estar segura na mão de alguém. Poder-se-ia pensar que, cortando a linha, a pipa pudesse voar mais alto, mas não é assim que acontece. Se a linha for cortada, a pipa começa a cair.
Não seria maravilhoso se quem está segurando a outra ponta da linha pudesse voar junto com a pipa???
Bom...
Qualquer um que me conheça, ao menos um pouquinho, sabe que eu escolho e acredito realmente no terceiro final...
Esse encantamento, é claro, é o amor!
É... eu ainda acredito em finais felizes... e mais ainda em felicidade além do final!!
^^
E vc? Já escolheu o seu final??
Beijos!!
Hélia
Postado por
Hélia Barbosa
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23 comentários:
Hola, muy bonito post, saludos y mucha bendicion.
Paz en ti
Janeth
QUERIDA HELINHA, MARAVILHOSA HISTÓRIA, EU TAMBÉM ESCOLHERIA O TERCEIRO FINAL... ADOREI AMIGA!!!
ABRAÇOS DE CARINHO,
FERNANDINHA
Helinha,
obrigada pela visita ao Bloguinfo!
E quero dizer que amei seu blog! Especialmente a história de Sebastião... como podem as histórias tocarem tão fundo nossos corações...
Bjks
Sintian
olha sou péssimo para escolha de finais, mas prefiro um final que não seja muito feliz, pois ai torna o texto artificial, bjus gata, e voce viu como causei no meu post hhahhahahhaha, e o bom da net é isto, de repente eu posso até ser um vizinho seu que esta escrevendo e voce nunca saberá, de repente me sinto como grandes escritores que usavam pseudonimos para publicar seus textos, bjus meu anjo lindo
Oi Elinha.
Obrigado pela visita, e pelas palavras elogiosas.
Parabén, teu blog é lindo, incita a nos, e a mim particularmente a ser teu seguidor.Gosto, do teu estilo, e também das músicas, parabéns menina.
Helinha, que mensagem linda, essa da pipa...
Que paradoxo, esse lance de ter que estar presa para voar...
Que sina é essa, onde a liberdade precisa de uma fina linha...
Belo tema para refletir...
Beijos em seu coração!
Que lindo!
Ainda pensando no final.
Bjos
è uma belo texto...o final escolho os tres...um para cada dia de meu humor..
Beijos moça
Bom Dia Queridaaaaa!!
Esta melhor da cólica?
Espero que sim viu linda!!
Passando para te deixar um beijao!!
olá! fico feliz que tenha gostado dos meus simples versos!
apreciei suas mensagens, belissima historia, induz a boas vias de pensamento....
tenha um bom dia!
Olá Helinha,
Sei que voar não é tão fácil. Dependems de vento, do tempo e principalmente de uma mão generosa que não nos aprisione.
Tenho um poema: "Nas asas da liberdade"
O final diz assim:
Dou linha a minha pipa/
que se dane o carretel/
Ele que se arraste pelo chão/
enquanto desfruto do céu./
No grande teatro da vida/
sou dona do meu papel.
Eu acho que não podemos ter medo de virar pipa avoada, de molhar rasgar e manchar o nosso papel.
Carinhosamente,
Dalinha
"Mais real que fazer
da vida um sonho,
é fazer do
sonho uma vida,
pois nem sempre
temos a vida que
sonhamos, mas
sempre teremos
um sonho para viver."
Continuação de um bom dia
Beijinhos
Oi Helinha! Fiquei mutio feliz com sua visita e comentário em meu blog, obrigada querida! Adorei seu cantinho que é muito fofo e acolhedor! Esta história é linda e eu fico com o terceiro final, pois apesar de todas as coisas ruins que vemos e ouvimos por ai, eu acredito que as coisas podem dar certo! Amo finais felizes e ainda aposto que o ser humano seja capaz de amar de forma linda e sadia, assim nos permitindo voar!!!
Durante a vida temos grandes momentos e o que eles tem de bom, é que depois de sentí-los ainda nos resta a felicidade de podermos recordá-los.
um abraço
Helinha,
Passei aqui para matar a sede
de seu sorriso.
Parabéns pela escolha do texto do Rubem Alves.
que voem as pipas porém sem "cerol"
bjs
Já estou olhando a borboleta com a pipa sobre meu céu.
Uauuuuuuuuuuuuuu
tabem j quis ser uma pipa e blog a vista !!!!!!!!!!!!!!! ahahahahahahahahaha
hehe so é digno de nos amar aquele que suporta nossa alegria
bjxxx
Bela fábula sobre o amor, a amizade, o ciúme e a inveja.
Sim, o terceiro final é o melhor.
Só com liberdade podemos amar mais e cada vez melhor. Mesmo com o coração " preso " a alguém. Como disse Camões : " Amar é estar preso por vontade..."
Apesar das contradições.
Beijão !
Todos nós somos pipas dessa vida, temos o direito a liberdade, a sonhar, sorrir e ganhar o mundo, sem que ninguem tenha o direito de encurtar essa viagem, quando isso acontece até o verdadeiro e mais forte amor fica abalado, devemos sim é sermos felizes com a felicidade dos outros, nos sentirmos bem se o outro tambem sente, lindissimo texto...beijos carinhosos pra ti e um dia lindo de paz...
Sou alucinado com a magia das pipas e gosto de solta-las e deixa-las ir para longe e cada vez mais longe e muito cá entre nós, consigo voar co elas.
Cadinho RoCo
Oi He...
Menina, adorei a história!
Me indentifiquei com o 1° final...
Pq levei pra minha esperiencia pessoal...
Acho que devemos ficar com aqueles que nos querem bem... q querem ver a gente voar alto!
e q essas pessoas estejam nos apoiando, segurando nossa linha!
rsrsrs!
um beijão!!!!
oi miha linda eu como sou realista demais rsrs,escolho o primeiro final,um bjo pra vc !
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