Eu pensei que conseguiria seguir minha vida sem me lembrar de você. E eu fui seguindo, mesmo. Mas sem me lembrar de você? Não, isso eu não consegui.
Não é que eu não viva, como as outras pessoas. Eu vivo. Minha vida não parou por sua causa. Eu acordo pela manhã, trabalho, estudo, converso com outras pessoas, posto em redes sociais, ouço músicas, assisto TV, como, bebo, amo, durmo... Enfim, essas coisas todas que milhões de seres humanos fazem todos os dias. E, para ser bem sincera, eu até consigo ter meus momentos de felicidade. Sim, eu tenho sorrisos verdadeiros.
Mas sempre tem aquela parte do dia em que alguma coisa me lembra você. Uma reportagem no jornal, uma frase que alguém diz, uma comida, um poema, uma música. Às vezes nem acontece nada, eu simplesmente me lembro de você. Assim mesmo, do nada. E dá uma vontade de te procurar, de saber como você está. De te ouvir, de te falar de mim. Ou simplesmente de te sentir presente, de alguma forma.
Em alguns momentos eu faço isso mesmo. Não resisto: te procuro. E é bom demais enquanto dura, enquanto eu não acordo para a realidade de que eu e você não somos "nós".
Mas tem outros momentos em que eu me seguro e a razão fala mais alto. Então eu não te procuro e dou um jeito de sublimar esse desejo. Eu fujo.
E aí eu sou essa pessoa que passa pelas ruas, todos os dias. Que tanta gente vê, mas que poucos enxergam de fato. Eu sou aquela que caminha sorridente e decidida, a quem tantos admiram pela serenidade. Mas talvez só você saiba que, lá no fundo de mim, mora aquela mesma moça sensível e ingênua, que um dia enlouqueceu por você. E que sonha, apenas, em esquecer toda prudência e toda razão. Para viver, simplesmente, feliz ao lado seu.
^^
Hélia